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1 INTRODUÇÃO
A avicultura mundial vem se expandindo enormemente nestes últimos
anos. Uma infinidade de agroindústrias vêm se modernizando a cada ano, e outras
tantas se estabelecendo, buscando direcionar suas vendas aos potenciais mercados
importadores de alimentos. O agronegócio, mais especificamente a indústria avícola,
especializada na produção, abate, processamento e comercialização de frangos,
tornou-se, em um espaço de tempo relativamente curto, o motor das economias de
vários países, como a China, a Tailândia, as Filipinas, os Estados Unidos, entre
potros, que concentram suas exportações em um mercado que, desde a sua
ascensão iniciada nos anos que se seguiram ao término da segunda guerra mundial,
vem se tornando cada vez mais atrativo: o Japão.
No Brasil, desde a década de 1980 quando se iniciaram as exportações
de carne de frango para o império do sol nascente, a indústria avícola vem evoluindo
ano após ano, investindo na modernização de suas plantas, na qualidade de seus
produtos e processos, na qualificação de mão-de-obra, em soluções de logística,
enfim, em tudo o que se refere à produção e exportação, com o firme propósito de
se adequar às exigências daquele mercado, aumentando a confiabilidade de seus
produtos, buscando consolidar suas marcas e desenvolver relações comerciais
duradouras com importadores daquele país.
O setor avícola brasileiro, cuja história iniciou modesta no início do século
passado, em grande parte com o trabalho e dedicação dos próprios imigrantes
japoneses, entrou no século XXI triunfante, ocupando o primeiro lugar no ranking
mundial de produtores e exportadores de carne de frango tendo, como principal
cliente a nação que é a segunda maior economia e um dos maiores importadores de
alimentos do mundo: o Japão. Durante esse período várias empresas brasileiras
surgiram e se consolidaram na produção e exportação de frango, hoje transformadas
em grandes potências no ramo da agroindústria e com grande parte de sua
produção exportada para o arquipélago nipônico.
Desde seu surgimento, o mercado avícola brasileiro vem se mantendo
inabalável, sem profundas crises, alheio até mesmo ao grande impacto sofrido pela
avicultura mundial, por ocasião do surgimento dos surtos de influenza aviária, nos
países do sudeste asiático, a partir do final dos anos 90. O impacto da crise asiática
foi, na verdade, positivo para a produção avícola nacional, que passou a atender
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também à demanda por carne de frango in natura antes suprida pelos países
asiáticos, grandes produtores avícolas, tirados do mercado em função dos surtos da
doença. Parte desta demanda extra referia-se ao mercado nipônico, grande
importador de frango também dos países do sudeste asiático.
A partir desse momento, o frango brasileiro passou a ser ainda mais
importante para o Japão, principalmente porque novos surtos de gripe aviária foram
surgindo em outros países que também supriam o mercado japonês, inclusive nos
Estados Unidos e em alguns países da União Européia.
A indústria avícola é, atualmente, um dos mais importantes setores da
economia brasileira e, sendo o Japão um dos principais países importadores do
produto, torna-se indubitavelmente um mercado de extrema importância para a
economia do Brasil e foco de planejamentos estratégicos de muitas empresas de
agronegócio que já possuem e das que ainda pretendem ter relações comerciais
com aquele país.
Levando em consideração o panorama delineado acima, o objetivo do
presente trabalho não é outro senão procurar, através da pesquisa exploratória
desenvolvida diretamente com trading companies japonesas, obter um prognóstico
do comportamento do mercado de carne de frango no Japão para os próximos cinco
anos.
Com a finalidade de melhor expor o assunto abordado, facilitando a
análise e compreensão do mesmo, optou-se por estruturar o presente trabalho em
quatro capítulos que, por sua vez, estão divididos em seções.
Do primeiro capítulo constarão o tema, a caracterização do problema, o
objetivo geral e os objetivos específicos, bem como a justificativa para a realização
dos estudos acerca do tema em questão.
O segundo capítulo terá como finalidade a apresentação da
fundamentação teórica do trabalho, desenvolvida com base na literatura já publicada
sobre o assunto, com vistas a estabelecer um embasamento à pesquisa. Para tanto
serão abordados assuntos como a história do Japão em seus fatos mais marcantes,
a alimentação do povo japonês ao longo da história, dados geográficos,
populacionais, políticos, sócio-econômicos e culturais do império do sol nascente.
Serão igualmente abordados o mercado japonês de carnes, apresentando dados
estatísticos; os aspectos culturais que deverão ser levados em conta quando das
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relações comerciais com clientes japoneses e, por fim, as possíveis barreiras à
expansão do mercado mundial de carne de frango.
O terceiro capítulo será a respeito dos procedimentos metodológicos e da
maneira como foi realizada a pesquisa. Esse capítulo apresentará, primeiramente, o
tipo de pesquisa utilizado, a abordagem da pesquisa, a população e a amostra, e
ainda o instrumento de coleta de dados.
O quarto e último capítulo, será a respeito da experiência da pesquisa
que, em outras palavras, são os resultados obtidos por intermédio da pesquisa e a
análise geral desses dados. Primeiramente serão apresentados os resultados
obtidos com a pesquisa de perguntas fechadas e a seguir será apresentada uma
análise das perguntas dissertativas.
1.1 TEMA
A projeção da demanda de carne de frango de origem brasileira no
mercado japonês para os próximos cinco anos.
1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
Qual a projeção da demanda de carne de frango de origem brasileira no
mercado japonês para os próximos cinco anos?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Determinar a projeção da demanda de carne de frango de origem
brasileira no mercado japonês para os próximos cinco anos.
1.3.2 Objetivos específicos
Pesquisar dados sócio-econômicos e culturais do Japão;
Descrever, através de dados históricos, o consumo japonês de carne de
frango;
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Descrever a cultura e economia japonesas;
Identificar as barreiras à importação de carne de frango;
Projetar a demanda japonesa de carne de frango para os próximos cinco
anos.
1.4 JUSTIFICATIVA
O mercado brasileiro de carne de frango vem crescendo
consideravelmente na última década. O agronegócio vem despertando o interesse
de empreendedores que, visando a exportação para potenciais mercados
importadores de alimentos, entre os quais o Japão, apostam alto na prosperidade
desse setor. No entanto, não se sabe ao certo o que lhes reserva o futuro. Porém é
possível, analisando o desempenho do mercado no passado e no presente, obter
uma projeção deste para o futuro. Daí a importância, para esses exportadores, do
presente trabalho de pesquisa.
Os inúmeros surtos de gripe aviária surgidos desde 2003 abalaram a
economia de grandes produtores e exportadores avícolas em todo o mundo. O fato
de o Brasil não ter sido atingido pela doença o coloca em uma situação privilegiada
perante os demais países produtores, enaltecendo a eficácia de seu controle
sanitário, característica muito valorizada pelos importadores japoneses que, ao
surgir o surto de gripe aviária na Tailândia perderam uma importante fonte de
importações de carne de frango in natura. Em razão dos fatos acima relatados, o
mercado japonês surge como opção extremamente favorável aos exportadores de
carne de frango brasileiros.
Atuando durante os últimos sete anos, como analista de exportação em
uma empresa exportadora de frango, atendendo exclusivamente a clientes
japoneses, o acadêmico pesquisador teve a oportunidade de adquirir conhecimento
sobre o Japão e os importadores japoneses. Na execução de suas atividades
necessita o acadêmico pesquisador acessar informações sobre o mercado, consultar
sites, órgãos governamentais e câmaras de comércio japoneses, bem como os
próprios clientes antevendo, desta forma, a possibilidade de realizar o presente
estudo.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O capítulo a seguir tem a finalidade de proporcionar o embasamento
teórico indispensável à pesquisa, procurando apresentar, do ponto de vista de vários
autores, conceitos, teorias e dissertações a respeito do tema.
Com esse propósito, o capítulo consta de informações sobre a história do
Japão, sobre a evolução de seus hábitos alimentares, sobre o seu importante
mercado de carnes, com ênfase no mercado de carne de frango e sua relação
comercial com os produtores e exportadores brasileiros deste produto, sem deixar
de mencionar a participação dos imigrantes japoneses na evolução da indústria
avícola brasileira.
2.1 O JAPÃO
2.1.1 Fatos que marcaram a história do Japão
Segundo Tames (1996), o arquipélago nipônico já é habitado pelo homem
há pelo menos trinta mil anos. Através de fósseis de plantas e animais descobriu-se
que, em tempos remotos, o Japão era ligado à Ásia continental. Há uma
probabilidade de que os primeiros habitantes tenham migrado através de pontes de
terra que outrora uniam a ilha de Honshu à Coréia e a ilha de Hokkaido à Sibéria.
Sobre a história antiga japonesa, Collcutt (1998, p.34), escreve:
A fase mais primitiva da pré-história do Japão foi o Paleolítico – uma
sociedade tribal que vivia da caça, construindo com mestria as ferramentas
e as armas de pedra, desconhecendo ainda as técnicas de trabalhar o
barro. Por volta de 10.000 a.C. surge, no Período Mesolítico, uma época
conhecida com o nome de Jomon ou de “decorações cordiformes”, com
importantes trabalhos de cerâmica.
Collcutt (1998, p. 34), diz ainda que “a técnica de levar a coser ao fogo os
vasos de barro implicou uma melhoria das condições de vida, possibilitando o
cozinhar dos alimentos, um melhor armazenamento e o transporte de água durante
as deslocações.”
Conforme Tames (1996), os antigos habitantes das ilhas nipônicas só
aprenderam a cultivar o arroz, a trabalhar o ferro e o bronze durante o período entre
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300 a.C. e 300 d.C. Provenientes da China, esses avanços foram, provavelmente,
trazidos por povos migrantes vindos da Coréia ou de Okinawa para o Japão. Esse
período foi denominado período Yayoi, por estar relacionado a uma aldeia chamada
Yayoicho. Quando as colheitas de arroz foram se tornando regulares, tornaram-se
uma fonte de alimento mais constante do que a caça, favorecendo um maior
crescimento da população e o estabelecimento de aldeias mais populosas.
Ao período Yayoi, seguiu-se o chamado período Kofun, sobre o qual,
assim disserta Peralva (1995, p.133):
O terceiro período, denominado Kofun (ou Tumulus), do ano 300 ao ano
500, tem seu nome derivado das tumbas de chefes de clãs, cobertas por
pequeno morro, construídas durante esses séculos, quando se processou a
gradual consolidação da autoridade central. Artefatos extraídos dessas
tumbas, como armaduras e uma variedade de objetos ornamentais, refletem
o estreito contato com a Península Coreana nessa época. As tumbas eram
cercadas por blocos de argila cilíndricos, em geral encimados por simples
mas expressivas esculturas com formas humanas ou de animais, também
em argila (haniwa).
A história do Japão sofreu, visivelmente, grande influência chinesa,
segundo Tames (1996), os primeiros contatos dos japoneses com a civilização
chinesa se deram por volta de 400 d.C. A China, nessa época, era muito mais
desenvolvida e poderosa do que o Japão. Muito impressionados, os japoneses logo
se interessaram em aprender a escrever, a fabricar porcelana, seda, laca, papel,
bem como a fazer um melhor planejamento de suas cidades. Os japoneses também
adotaram o calendário chinês e a religião budista. Durante mais de 400 anos, o
Japão enviou funcionários e estudiosos à China, que por sua vez, juntamente com a
Coréia, enviava ao Japão inúmeros professores, sacerdotes e artesãos, que
acabavam por se estabelecer no Japão.
Desde os primeiros tempos, no entanto, os japoneses possuíam uma
religião. Tames (1996, p.10) diz que “os japoneses tinham sua própria religião, o
xintoísmo, que significa ‘o caminho dos deuses’. Baseava-se na adoração da
natureza e dos deuses.”
Sobre o xintoismo, Tames (1996, p.10) ainda acrescenta:
O xintoísmo não teve nenhum grande fundador ou profeta. Não tinha
escrituras, exceto alguns mitos, que acabaram sendo registrados nos
primeiros livros japoneses – o Kojiki e o Nihon Shoki. O xintoísmo ensina
que todos os objetos naturais, tais como um lago, uma montanha, uma
árvore ou rochedo, assim como qualquer pessoa, viva ou morta, tem um
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espírito (kami) que deve ser respeitado. Muitos festivais e comemorações
xintoístas começaram como maneiras de pedir aos deuses que
protegessem as plantações de arroz, ou de agradecer a eles por uma boa
colheita.
Um não menos importante período da história nipônica foi o período Nara,
onde o Japão começa a afirmar-se como nação. Esse período trouxe também
contribuições para a cultura japonesa (NATIONMASTER, 2008). Conforme a
NationMaster.com (2008), o chamado período Nara, no século VIII, marcou o
surgimento de um forte e centralizado estado Japonês, em torno de uma corte
imperial na cidade de Heijo-kyo, atual Nara. Além de contínua adoção de práticas
administrativas chinesas, o periodo Nara é caracterizado pelo aparecimento de uma
emergente literatura escrita, que culminou com as crônicas Kojiki e Nihonshoki.
Em 784, o imperador Kammu transferiu a capital para Nagaokakyo por
um curto período de dez anos, antes de transferi-la para a cidade de Heian-kyo
(atual Kyoto) no ano de 794, onde permaneceu por mais de um milênio. Esse fato
marcou o início do período Heian, durante o qual emergiu uma positiva cultura
indígena japonesa, notável por sua arte, poesia e literatura. A letra do atual hino
nacional do Japão, Kimi ga Yo, foi composta nessa época (NATIONMASTER, 2008).
Sobre o período Heian, a Nihongo Brasil (2008, p. 1), destaca:
Nessa fase, em que o Japão viveu um longo período de paz, forjou-se uma
aristocracia cortesã brilhante, refinada e formalista. O budismo, entretanto,
foi conquistando lentamente o país, difundindo-se na classe média. Nessa
época surgiu a classe dos guerreiros (samurais) que atuavam como polícia
militar na corte. Entre eles destacaram-se os Minamoto, da linhagem do
imperador Seiwa, e os Taira, descendentes do imperador Kammu.
Diz ainda a NationMaster.com (2008, p. 1) que a “era feudal do Japão foi
caracterizada pelo surgimento de um governo de guerreiros, os samurais. Em 1185,
em seguida à derrota do clã rival Taira, Minamoto no Yoritomo foi proclamado
Shogun e estabeleceu uma base de poder em Kamakura (Tradução nossa).
Após a morte de Yoritomo, conforme relata a NationMaster.com (2008),
os membros do clã Hojo chegaram a governar como regentes para os shoguns. Foi
no período Kamakura (1185-1333) que o Budismo Zen foi introduzido no Japão,
proveniente da China, popularizando-se entre a classe dos samurais. O shogunato
de Kamakura conseguiu impedir invasões Mongois em 1274 e 1281, auxiliados por
uma tempestade, considerada pelos japoneses como Kamikaze, que significa vento
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Divino. O shogunato de Kamakura acabou sendo derrubado pelo imperador Go-
Daigo, o qual por sua vez foi derrotado por Ashikaga Takauji em 1336. O shogunato
Ashikaga não foi teve sucesso no controle dos chefes guerreiros feudais (daimyo), e
teve início uma guerra civil, a guerra de Onin.
Depois de um prolongado isolamento natural, onde havia somente
intercâmbios com os países vizinhos, o Japão inicia os primeiros contatos com o
ocidente.
Sobre o assunto, a NationMaster.com (2008, p. 1), assim discorre:
Durante o século XVI, comerciantes e missionários portugueses, pela
primeira vez chegaram até o arquipélago nipônico, iniciando o período
Nanban, caracterizado por um ativo intercâmbio comercial e cultural entre o
Japão e o ocidente (Tradução nossa).
Oda Nobunaga, relata ainda a NationMaster.com (2008), um daimyo com
ideais unificadores, ganhou a confiança de inúmeros integrantes de sua classe,
utilizando armas de fogo e tecnologia européias, e teria conseguido seu intento se
não tivesse sido traído e assassinado em 1582. Sucedeu-o Toyotomi Hideyoshi que,
em 1590, conseguiu unificar a nação. Hideyoshi, por duas vezes, invadiu a Coréia,
porém, após várias derrotas sofridas dos exércitos da Coréia e da China, e também
por causa da morte de Hideyoshi, as tropas japonesas bateram em retirada em
1598.
O período feudal japonês tomou rumos mais progressistas do que, por
exemplo, o feudalismo europeu (NATIONMASTER, 2008). Conforme afirma a
NationMaster.com (2008), após a morte de Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu, usando de
sua posição de regente, ajudou o filho de Hideyoshi, Toyotomi Hideyori a conseguir
apoio político e militar. Quando, repentinamente, a Guerra começou, ele derrotou
clãs rivais na batalha de 1600. Ieyasu foi escolhido como shogun in 1603 e
estabeleceu o shogunato de Tokugawa em Edo (atual Tóquio). O shogunto de
Tokugawa decretou uma variedade de medidas para controlar os chefes guerreiros
(daimyo), entre elas a política sankin kotai, sobre qual, a High Beam Encyclopedia
(2008, p. 1, apud Britannica Concise Encyclopedia, 2007), assim discorre:
Na história Japonesa, um sistema de alternar residência praticado durante o
período Tokugawa (1603–1867). Os daimyo (senhores das terras) eram
obrigados a residir alternativamente em seus han (domínios feudais) e em
Edo (atual Tóquio), a capital do shogunato de Tokugawa. O sistema,
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inaugurado em 1635, durou até 1862. Impedia que os daimyo construíssem
bases de poder em seus domínios que pudessem ameaçar o shogunato, e,
por causa dos gastos em manter duas residências, impedia-os de acumular
riquezas. Também contribuiu para o florescimento de uma cultura urbana e
uma economia comercial e fomentava melhorias às estradas e
comunicações.(Tradução nossa).
Durante o período feudal japonês surgiram idéias que tendiam a isolar a
nação japonesa do resto do mundo. Durante esse período o povo japonês teve a
oportunidade de voltar-se para sua própria pátria e conhecê-la (NATIONMASTER,
2008). Conforme relata a NationMaster.com (2008), em 1639, o shogunato
Tokugawa deu início a uma medida isolacionista denominada sakoku (que significa
nação fechada) política que se estendeu durante dois séculos e meio de tênue
homogeneidade política conhecida como o período Edo. O estudo das ciências
ocidentais, denominado rangaku, prosseguiu durante esse período, por meio de
contatos com o enclave holandês de Dejima, em Nagasaki. O período Edo também
auxiliou o surgimento do kokugaku, ou literalmente, estudos nacionais, o estudo do
Japão pelos próprios japoneses.
Os interesses ocidentais, principalmente americanos, no entanto, não
permitiriam que o processo seguisse adiante, em 31 de março de 1854, o Comodoro
Matthew Perry e os navios negros da marinha dos Estados Unidos forçaram a
abertura do Japão para o mundo externo com a convenção de Kanagawa. A guerra
de Boshin de 1867-1868 provocou a renúncia do Shogunato e a restauração Meiji
estabeleceu um governo centralizado no imperador. Adotando as instituições
políticas, judiciais e militares do ocidente, foi introduzido um sistema parlamentarista
segundo o modelo britânico, com Itou Hirobumi como o primeiro primeiro-ministro em
1882. As reformas da era Meiji transformaram o império do Japão em um poderio de
mundo industrializado que embarcou em inúmeros conflitos militares para aumentar
seu acesso aos recursos naturais. Depois das vitórias na primeira guerra sino-
japonesa (1894-1895) e na guerra russo-japonesa (1904-1905) o Japão ganhou o
controle da Coréia, Taiwan e parte sul de Sacalina (NATIONMASTER, 2008).
O Japão estava, dessa forma, sendo forçado a abrir suas fronteiras à
ocidentalização, sendo arrebatado de seu isolamento voluntário. Segundo o site
Japon, Le pays du soleil levant (2008, p. 1):
O isolamento japonês teve fim nos anos 1853-1854 com a missão
americana do comodoro Matthew C. Perry. Intimidados pelos navios de