ABSTRACT
Vincenzo Galilei (1520?-1590) was born at Santa Maria a Monte, a small
city near Florence. He was a music-theorist, a lutenist and a teacher. He was
sent to Venice to start theoretical studies with Gioseffo Zarlino and interested in
the studies of ancient texts, he was helped by the philologist Girolamo Mei.
Galilei had basically two main goals. The first was to clarify, what he
called “misunderstood facts of the history of music” and the second was to
restore music to its original place among the sciences. Therefore he explored
the nature of ancient music in a very detailed and systematic fashion and
provided novelties based mostly on the results of his investigative method.
In experimenting with different materials, cotton, metal, wood, etc.,
combined into different shapes, Galilei showed to take matter into account to
know how it affects the behavior of the instruments.
Despite the fact that Music was based on the concept of number, and
that most of the musical theorists of the sixteenth century were not interested in
the physical nature of sound or in the materials that produce it, Vincenzo Galilei
succeeded to provide to Music a new basis, named sound.
1
1.Introdução
Como se sabe, através da maioria dos estudos históricos, a música
renascentista originou-se e desenvolveu-se com maior força na península
Itálica. Gradualmente teria se espalhado de formas modificadas, pelo
continente até alcançar a Inglaterra no final do reinado de Elisabeth I. Tratava-
se de música tanto sacra como secular.
A maior parte da música sacra, feita em ambientes religiosos, sobreviveu
em forma de manuscritos e retratava uma música primordialmente executada a
capella, ou seja, sem instrumentos, e pode ser considerada uma extensão do
Canto Gregoriano medieval
1
. Compositores, de um modo geral, dependiam da
Igreja e de monarcas, mas com o tempo, o patrocínio de fontes seculares
passou a ser mais comum.
A música feita em ambientes públicos, por músicos, diletantes e
profissionais, tendia a ser mais instrumental do que a sacra. A música secular
era de alguma forma, mais independente da tradição musical medieval. Com o
advento da música impressa, por volta de 1470, a produção musical aumentou.
A maior parte da música impressa era feita em formato de pequenos livros,
cada um para cada parte, ou voz. Estes eram utilizados domesticamente e em
encontros sociais, enquanto que nas igrejas e monastérios, preferiam-se os
manuscritos
2
.
No período entre, 1534-1600
3
, um estilo de música antifonal
desenvolveu-se fortemente nas cidades italianas, principalmente em Veneza. A
característica desta prática era a execução simultânea de diversos coros e
conjuntos de instrumentos, devidamente espalhados pela nave da igreja, no
intuito de provocar diferentes sensações acústicas.
A prática de muitas vozes conjuntas, ou polifonia, foi tornando-se cada
vez mais complexa no final do século XVI, principalmente na música vocal
1
Canto com texto da liturgia Romana, em latim e de caráter monofônico, ou seja, a textura
musical é formada por uma só melodia. Historicamente este canto foi uma fusão do canto
romano antigo com o canto gregoriano durante o papado de Vitaliano (657-72). Anteriormente
os cantos gregoriano e romano antigo representavam estilos musicais diferentes. Ver,
R.Steiner, Grove Dictionary of Music and Musicians, Vol.7,pp. 697-698.
2
G.Reese, Music in the Renaissance, Cap.I/10, pp.519-573.
3
Período tardio da música renascentista.
2
secular, e sua evolução foi considerada uma das principais características da
renascença musical.
Esta polifonia desenvolveu-se independentemente de teorias musicais
que, em sua maior parte, não conseguiam justificar esta prática. O uso diverso
dos intervalos, como a crescente importância do intervalo de terça
4
, e da
mescla de escalas, ou modos, demandavam novas explicações
5
.
Neste cenário nasceu, por volta de 1520, em uma pequena cidade perto
de Florença, Vincenzo Galilei. Alaudista (um instrumento extremamente comum
na Renascença) músico teórico, e professor, estudou na década de 1560 em
Veneza com o teórico Gioseffo Zarlino. O patrocinador destes estudos foi o
Conde Vernio de Bardi, em cuja casa reunia-se um grupo de nobres, poetas,
estudiosos e músicos, com a finalidade de reinterpretar ideais Platônicos e
Aristotélicos da música. Este grupo ficou historicamente conhecido por
Camerata Fiorentina
6
e foi considerado o berço intelectual de um novo conceito
musical, a monodia
7
.
Vincenzo Galilei era um músico laico que buscava entender a música de
sua época. Iniciou uma correspondência com o filólogo romano Girolamo Mei
(1519-1594) que era um reconhecido estudioso dos conceitos musicais gregos
e que introduziu Galilei aos textos antigos. A correspondência entre ambos
durou por volta de dez anos
8
.
Como veremos, Vincenzo Galilei estudou de forma sistemática os textos
clássicos e escreveu vários tratados que demonstram a sua insatisfação com
os músicos teóricos e práticos de sua época e com o posicionamento da
Música, que segundo acreditava, perdia seu espaço entre as ciências.
A obra Dialogo della musica antica, et della moderna, que foi publicada
em Florença em 1581, é historicamente representada como o documento
teórico da Camerata Fiorentina
9
Neste tratado, Galilei desenvolveu idéias e
4
Nos tempos de hoje um intervalo de terça seria entre a nota dó-mi.
5
G.Reese, Op.Cit, Cap.I.
6
Vide: C.V.Palisca, The Documentary Studies and Translations: Florentine Camerata.
7
Na música a monodia significa o canto a uma voz, normalmente ornamentado, acompanhado
por instrumento. Contrasta da monofonia, por seu acompanhamento ser ritmicamente
independente.
8
Tema tratado no primeiro capítulo da tese.
9
C.V.Palisca, no verbete “Vincenzo Galilei”, New Grove Dictionary of Music and Musicians,
Vol.7, pp.96-98.
3
propostas que atacaram diretamente a base das teorias expostas por Gioseffo
Zarlino. Devido a esta polêmica, o estudo sobre a vida e obra de Vincenzo
Galilei, foi relativo e dependente dos estudos das obras de Zarlino
10
.
Dadas as considerações anteriores, o presente trabalho objetiva
resgatar documentos relevantes para a caracterização dos conceitos e idéias
defendidos por Vincenzo Galilei, de maneira a enfocar uma leitura centrada na
totalidade de sua obra e na sua relação com a efervescência intelectual de sua
época.
No primeiro capítulo, “Considerações sobre a Biografia e Obra de
Vincenzo Galilei”, tratamos inicialmente da fase de formação do autor, de suas
relações familiares e da cronologia de suas obras. Tentamos oferecer novas
informações biográficas, - visto que ele é uma figura cuja vida foi pouco
estudada -, além de demonstrar de que maneira ele foi apresentado pela
historiografia clássica e apontar algumas novas leituras de sua obra.
No segundo capítulo, “Estudo das Fontes”, apresentamos e
descrevemos as obras do autor. Elas foram escritas em forma de discurso ou
de diálogo, sempre no idioma vernacular, o italiano. Analisamos nas obras as
idéias apresentadas por Vincenzo Galilei que abordam a música como ciência.
Identificamos as fontes destes tratados e apresentamos novos documentos que
possam, de alguma maneira, contribuir para o entendimento das obras. Por fim,
apontamos algumas fontes indiretas e influências exercidas sobre o autor.
No terceiro capítulo, “Percurso da Obra”, tratamos das inovações
teóricas e práticas apresentadas por Vincenzo Galilei, que se deram
principalmente através da utilização dos instrumentos musicais. Galilei
descreveu algumas experimentações sonoras de relevante importância para o
que seria estudado pela Acústica no século XVIII. Ele estabeleceu diferentes
razões de proporções numéricas e relações musicais, baseadas, não mais na
aritmética, mas no comportamento dos materiais que produziam o som.
Ao final do trabalho esperamos fornecer dados suficientes para uma
nova visão historiográfica de Vincenzo Galilei. Acreditamos que suas
10
Tema tratado no primeiro capítulo da tese.
4
discussões filosóficas, embasadas em crítica textual e em experimentação,
tenham sido de um ineditismo singular para a época.
5
Capítulo Primeiro: Considerações sobre a Biografia e Obra de Vincenzo
Galilei
Vincenzo Galilei nasceu em Santa Maria a Monte, no Vale do Arno, para
onde se dirigiu seu avô Giovanni em 1472, forçado por não possuir condições
econômicas para continuar na cidade de Florença. Seus pais foram Michelangelo
(Mochelangiolo) Galilei e Maddalena di Carlo di Bergo; ambos nascidos em Santa
Maria a Monte, sendo ela, de família abastada. Vincenzo teve somente uma irmã
mais velha chamada Lucrezia, sobre a qual quase não existe menção em toda
coleção Galileiana da Biblioteca Nacional de Florença
1
.
A data de seu nascimento é incerta, provavelmente no ano de 1520
2
, tendo
falecido em 1591, em Florença
3
. Entre os anos de 1540 e 1542, faleceram seu pai
e sua mãe, forçando-o a assumir o sustento e a liderança da família. Sobre seu
pai, sabe-se que havia sido capitano del popolo, eleito para ajudar nas decisões
tomadas pelos governantes da cidade
4
; em 1540, havia sido um dos quatro oficiais
eleitos para redigir o cadastro de bens e imóveis dos residentes
5
. Nesta lista
encontram-se notados os bens da família de Vincenzo Galilei. Esses bens foram
sendo vendidos com o decorrer do tempo, primeiramente por Michelangelo e,
depois de sua morte, por sua esposa. Não sabemos se Vincenzo e sua irmã ainda
1
Carta de Muzio Tebaldi a Vincenzo datada de 4 de janeiro de 1575. Na obra de Carli (A.) e
A.Favaro, Bibliografia Galileiana (1568-1895) Raccolta ed Illustrata, Roma, 1896. O nascimento de
Lucrezia não aparece na árvore Genealógica da família. Uma genealogia diferente é apresentada
em Clemente G.B. Nelli, Vita e Commercio letterario di Galileo Galilei, Mattematico e Filosofo.
2
Sua data de nascimento é incerta por falta de documentação. Esta data foi inicialmente proposta
em Antonio Favaro, Ascendenti e collaterali di Galileo Galilei, p.29. Favaro teria concluído esta
data após uma leitura da Genealogia da familia Galilei, em obra não identificada pelo autor. A
segunda data a considerar é de 1533. Confirmada por consulta ao Arquivo paroquial da Igreja
Collegiata di S.Giovanni Evangelista, em Santa Maria a Monte como aparece em Chiara Orsini,
“Vincenzo Galilei (1520?-1591): la professioni di um musico pratico e teórico “tra aspirazioni e
realtà”, in Vincenzo Galilei – Atti del Convegno Pontedera ,p.91. Esta data também é a adotada
pela Enciclopedia Italiana, edizioni del istituto Poligrafico dello Stato, Roma, 1949, sob o verbete:
Vincenzo Galilei, lê-se: “Musicista, nato verso il 1533 da nobile famiglia a Firenze,....” (pp.277-8).
3
Em: Archivo di Stato di Firenze, Archivio dell’Arte dei Medici e Speziali, Libro dei morti (julho
1591-julho 1607), n.254, carta 364r.
4
Santa Maria a Monte, Archivio Storico, Deliberazioni dal 1529 al 1534, n.18, c.107r e 147r;
Deliberazioni dal 1534 al 1538, n.19, c.1r, 102r, 165v.
5
Normalmente eram pessoas de origem nobre as que eram chamadas para estes cargos. Após a
queda de Pisa em 1406 muitos foram os que compraram novas terras e deixaram Florença. Em: Lo
sviluppo edilizio del Comune di S.Maria a Monte attraverso i secoli, Comune di Santa Maria, s/d.
6
possuíam bens quando da morte de seus pais, já que as informações são
escassas e contraditórias
6
.
Acredita-se, porém, que Vincenzo deva ter deixado sua cidade natal para
tomar lições musicais em Florença, visto que sua família era de tradição mercantil
no trabalho com a seda, e que Santa Maria não era uma cidade com muito a
oferecer no contexto musical
7
. Em 1550, sabe-se que Vincenzo já estava
estabelecido em Pisa, onde conheceu e casou-se com Giulia del fu Cosimo degli
Ammanati, com quem teve sete filhos: Galileo, Benedetto, Virginia, Anna,
Michelangelo, Livia e mais uma menina, possivelmente chamada Lena. A família
continuou morando em Pisa até o ano de 1574, quando se transferiu para
Florença, onde Vincenzo já se encontrava havia algum tempo
8
. Durante os anos
passados em Pisa, Galilei produziu sabidamente quatro obras, das quais três
foram publicadas em diferentes cidades: a primeira obra intitulada Intavolature di
Liuto é de 1563 e foi publicada em Roma, (Dorico); a segunda obra, de 1568,
chama-se Il Fronimo, publicada em Veneza (Gardano, primeira edição), a terceira,
manuscrita, é o Compendio della tehorica musica (1570?)
9
e a última chamada Il
Primo Libro di Madrigali a 4 e 5 voci de 1574, foi publicada também em Veneza
(Gardano)
10
. Em Pisa, deve ter lecionado música como atesta um documento de
aluguel de uma escola
11
e uma carta de seu filho Michelangelo Galilei que diz ter
6
Naquela época não havia um cartório ou tabelião fixo em Santa Maria. Eram notários de outras
cidades que vinham esporadicamente fazer serviço em Santa Maria. Estes dados foram
encontrados em registros provenientes de Florença, Doadola (cidade medieval, localizada no pé
dos Apeninos no Valle del Montone), e Montevarchi (centro de produção e de agricultura no
Valdarno de Areto). In: Convegno a Santa Maria, 1987.
7
Em Nelli, Op.Cit.:“...oltre a questa professione [musica] sembra, che il medesimo[Vincenzo
Galilei] esercitasse pure la mercatura, poichè trovasi che posteriormente al contratto matrimonio
com la Giulia di Ammannati Nobile Pistoiese sotto di 21 ottobre 1563, molestò per um credito di
Drapperie vendute Bernadetto de Medici (contratto rogato di 21 ottobre 1563), pp.10-11.
8
“In Firenze [Galileo Galilei] passo la prima gioventù avvicendata per intero fra la casa paterna e la
scuola” , in: La Primogênita di Galileo Galilei:Rivelata dalle sue Lettere, (pp.12-3).
9
Encontra-se no Fondo Anteriore a Galileo, MsFIAG, Biblioteca Centrale Nazionale , Florença.
10
O primeiro catálogo completo das obras de Vincenzo Galilei encontra-se em Chiara Orsini,
Vincenzo Galilei: catalogo tematico ragionato delle sue opere, pp.8-33.
11
Biblioteca Nazionale Centrale, Ms,Gal.308, inserto 1c18r, Florença. Também na documentação
sobre o aluguel da casa que se encontra em Favaro, A. Opere Complete, Vol. XIX. pg.21, no
contrato de locação: “Actum Pisis, in residentia dicti conductoris seu scola,...” e nas memórias do
locator: “Ricordo faccio io Giuseppe Bocca, come hoggi, questo di ix di Luglio 1564 al pisano
abbiamo appigionato a Vincenti Galilei, maestro di musica da Fiorenza, la casa nostra posta nel
chiaso di Mercanti, per anno uno,...”.
7
encontrado membros de uma família que haviam sido alunos de seu pai havia
trinta anos. É também da década de 60 o início dos seus estudos com o teórico
veneziano Gioseffo Zarlino (1517-1590), a quem foi enviado por seu patrono
Conde Giovanni d’ Bardi, por volta de 1563
12
.
Os dados relativos à sua vida são insuficientes para que possamos
entender de que forma se deu a sua formação intelectual e musical. A partir de
1572, sabemos que Vincenzo correspondeu-se com o filólogo-humanista romano
Girolamo Mei, porém apenas seis cartas sobreviveram desse epistolário
13
,
publicado pelo musicólogo Claude Palisca
14
.
Entre 1578 e 1579, Galilei deve ter efetuado uma viagem à corte do Duque
da Baviera. Sabe-se desta viagem pela descrição de um “novo instrumento a
corda e traste” ouvido na corte, feito por Bardi, um dos interlocutores de sua obra
Dialogo (1581).
Retornou então à Florença, onde permaneceu até sua morte em 1591
15
.
Deste último decênio de sua vida datam várias obras, foram publicados: Dialogo
(Marescotti, 1581), Contrapunti a due voci (Marescotti, Florença, 1584), a segunda
edição do Il Fronimo (Scotto, Venenza, 1584, acrescida e revisada pelo autor),
Secondo libro dei Madrigali a 4 e 5 voci (Gardano, Veneza, 1587) e Discorso
intorno all’opere di Messer Gioseffo Zarlino da Chioggia (Marescotti, Florença,
1589).
São provavelmente desta época também as seguintes obras não
publicadas: Della pratica del modeno Contrappunto intorno all’uso delle
Consonanze (parte I, 1589-91?), Pratica intorno all’uso delle Dissonanze” (parte II,
12
Ver F. Fano, La Camerata fiorentina.Vincenzo Galilei, 1520-1591? La sua opera d’artista di
teorico come espressione di nuove identità musicali, p.XXVI, nota 2. É basicamente de Fano que
vêm todos os dados biográficos usados pelos diversos autores que a partir do século XX
escreveram sobre Vincenzo Galilei (Chiara Orsini, Claude V. Palisca, F.Rempp, P.Canguilhem
entre outros).
13
Galilei e Mei teriam se correspondido até 1581. Este epistolário é sabidamente de maior
envergadura, pois em um fragmento da carta de Girolamo Mei à Giovan Vincenzo Pinelli de 1582,
sabe-se que Vincenzo Galilei entre 1578 e 1582 escreveu: ”mais de trinta longas cartas sobre a
música dos antigos e aquela de nossos tempos”. Carta de 19 de maio de 1582
14
Ver: Claude Palisca, Girolamo Mei: Letters on Ancient and Modern Music to Vincenzo Galilei and
Giovanni Bardi. Estas cartas originalmente encontram-se em Ms REGINA LAT. 2
021, Biblioteca
Vaticana.
15
Vincenzo Galilei foi sepultado em 02 de Julho de 1591, em Florença, na igreja de Santa Croce,
onde em 1642 foi também sepultado seu filho Galileo Galilei.
8
do contraponto), Discorso di Vincenzio Galilei intorno all’uso dell’Enharmonio, et di
chi fusse autore del Chromatico (s/d); Dubbio intorno a quanto io ho detto dell’uso
dell’enharmonio com lá solutione d’esso (s/d); Discorso intorni a diversi pareri che
hebbono le tre sette più famose degli antichi Musici, intorno alla cosa de’ suoni, et
degli accordi (s/d); Discorso particolare intorno allá diversità delle forme del
Diapason (s/d); Discorso particolare intorno all’unisono (s/d); Critica fatta da
Vincenzio Galilei intorno ai Supplementi musicali di Gioseffo Zarlino (1589-91),
Traduzione d’un discorso latino fatto da Carlo Valgulio Bresciano, sopra la Musica
di Plutarco; Trattato di Musica di Plutarco il quale non è suo, per quanto ne dice
Erasmo negli Adagi , chiliade seconda...” (traduções de dois exemplares diversos);
Degli elementi armonici di Aristossene divisi in tre libri,...” (Tradução). Existe mais
uma obra, que normalmente foge às listagens dos historiadores de música que é o
Sopplimenti musicali (Galilei 5, Coleção da Biblioteca Nacional de Florença, fols
3r-58r, sem data).
A primeira menção da listagem de suas obras, e talvez a única até o
aparecimento do primeiro catálogo de Vincenzo no século XX, foi feita pelo
matemático Guidubaldo de Marchesi di Montebaroccio logo após a morte de
Vincenzo. A listagem aparece em uma carta enviada à Galileo Galilei datada de 21
de fevereiro de 1592. Nesta carta aparecem primeiramente as obras manuscritas
e posteriormente as publicadas.
Sabemos através das dedicatórias de seus tratados que obteve quatro
vezes alguma forma de patrocínio, apesar de utilizar-se do termo patrono apenas
em duas dedicatórias, ao Conde Giovanni d’Bardi e à Jacopo Corsi.
O patrono mais estável foi Giovanni Bardi (1534-1612), que proporcionou
seus estudos em Veneza com o teórico Gioseffo Zarlino, e a quem é dedicado o
Dialogo della musica antica et moderna, de 1581.
Giovanni Bardi Conte di Vernio, era um militar, poeta, crítico da literatura,
conhecedor de grego e latim além de estudioso de música. Foi um dos membros
da Academia della Crusca e por volta de 1576 organizou a Camerata Fiorentina,
grupo de poetas, músicos, teóricos e pensadores que se encontravam em sua
casa, com o objetivo de reviver ideais Platônicos e a quem se atribui a criação do